O patoense, professor, escritor e Procurador do Trabalho, Sandoval Alves da Silva, foi eleito no último dia 27 de junho para ocupar a cadeira de n.º 32, da Academia Paraense de Letras, que tem como patrono José da Natividade Lima e se encontra vacante desde o falecimento de Ubiratan de Aguiar.
O novo imortal, nascido em 1968, é natural do município paraibano de Patos. Pela ascendência da avó materna é integrante de duas antigas famílias do sertão potiguar: a família Soares de Macédo (do Assú) e a família Pereira Monteiro (de Serra Negra do Norte).
Existe, portanto, uma herança atávica (e porque também não dizer telúrica), que reveste de certa naturalidade a sua afeição à vida intelectual e jurídica.
O Assú, que já se chamou Vila Nova da Princesa, é cidade há 178 anos, município há 235 e paróquia há quase 300 anos (desde 1726). Registrou Câmara Cascudo que, durante o Império, enquanto Natal era a capital politica da Província, o Assú era, de fato, a capital cultural. Na urbe assuense se desencadeava a grande efervescência das letras: teatros, elevada produção poética, edição de jornais. Em menos de um século, para se ter uma ideia, no Assú circularam 117 jornais!
Toda essa intensa atividade cultural rendeu ao lugar os epitetos de “Terra dos Poetas” e “Atenas norte-rio-grandense”. A primeira coletânea de poetas publicada no Estado, em 1922 (Poetas do Rio Grande do Norte, de Ezequiel Wanderley), é uma prova do quanto a poesia era cultivada no seio daquela sociedade. Nesse contexto, modéstia à parte, nos é forçoso depor que a família Soares de Macédo está entre as que mais poetas e jornalistas deu ao Rio Grande do Norte (isso sem destacar, aqui, a vocação jurídica de muitos dos seus membros).
Sandoval Alves da Silva é tetraneto do coronel Antonio Soares de Macédo (1831-1917) e da sua primeira esposa Ana Senhorinha (que era dos Pereira Monteiro). António, além de grande líder político, foi um dos patronos do jornalismo provinciano, posto ter sido um dos primeiros proprietários de prelo: fundou e redigiu um dos principais jornais da época – Brado Conservador, editado no Assú e com circulação em vários municípios. O abolicionista António Soares de Macedo teve, ainda, o protagonismo de publicar o primeiro trabalho de genealogia do Estado, em 1893: “Breve Noticia sobre a árvore genealógica da Família Casa Grande residente na cidade do Assú, estado do Rio Grande do Norte.”
O amor à vida intelectual Antônio Soares de Macédo transmitiu a muitos dos seus colaterais e descendentes, dentre os quais os filhos: Arthur Napoleão, Affonso, Abdon, Américo, Adolfo e João Soares de Macédo (1859-1954)-este último, trisavó do Dr. Sandoval que além de poeta, foi jornalista, conferencista, advogado, promotor público e líder católico. Publicou, em 1935, com o pseudónimo de João da Cruz, “Facit Indignatio Versum” – A indignação faz brotar o verso.
O Padre Doutor Manoel Gonçalves Soares de Amorim, Palmério Amorim Filho, Pedro Soares de Araújo Amorim, Pedro José Soares de Macédo, João Natanael de Macédo, Moyses Soares de Araújo, Francisco Augusto Caldas de Amorim, Angelina Macedo, Gil Soares, Antônio Soares de Araújo Filho, Albertino Soares de Macédo, Luiz de Macédo Filho, João Evangelista Soares de Macédo, João Soares de Araújo, Otávio Amorim, Ezequiel Fonseca Filho, Celso Dantas da Silveira, Boanerges Soares de Araújo, João de Oliveira Fonseca, Boanerges Wanderley e muitos outros poetas e/ou intelectuais têm um tronco genealógico comum na pessoa do português Pedro Soares de Macedo (1794- 1878) (quinto-avó de Sandoval Alves).
Já a familia Pereira Monteiro, inclusive no ramo da Fazenda Dinamarca (ao qual pertence o novo imortal do Pará), também tem contribuído com figuras que engrandeceram o campo das letras: Allyrio Wanderley (escritor), Fábio Lafaiete Dantas (genealogista), Desembargador António Soares de Araújo (jurista, poeta e historiador). Ariano Suassuna (escritor, romancista e teatrólogo), dentre outros.
O jurista e escritor Sandoval Alves da Silva tem sua posse prevista para o dia 01 de setembro do corrente, e será saudado pelo imortal Zenaldo Rodrigues Coutinho Júnior.
Ao professor Sandoval, figura de grande humildade pessoal, as congratulações dos familiares e conterrâneos nordestinos, com os mais genuínos votos de sucesso e ininterrupta prosperidade.