Amizade, por Misael Nóbrega de Sousa

Jornalista e escritor, Misael Nóbrega Sousa.

AMIZADE


A amizade se define, quase sempre, como uma relação de interesse mútuo. Não há afetividade no termo circunstanciado. Mas, sobretudo, uma troca de favores, – Aviltado à condição do urgente-servir. Utilizamo-nos da seleção sob critérios bem definidos, o que acaba se configurando em preconceito. Tudo é pesado. Não existe nada de sensitivo. Antecipamo-nos ao que pode dar certo. “Gosto de quem gosta de mim”. Quando não, ignoramos. Ficamos diferentes já no primeiro desgosto. Queremos ouvir o que nos convier. E ninguém gosta de ouvir verdades. O que vale é alimentar a ilusão. Amizade é o contraditório; é respeitar as diferenças presentes nas relações humanas… Até a passionalidade tem limites. E que só o amor transborde. Não há necessidade de viver para algo novo. Isso é carência. Há de se buscar inspiração no que é puro. chega de deslumbramentos! Sábio é aquele que vê solução no que é imperfeito. Devemos nos apaixonar todos os dias pelas pessoas que estão envelhecendo conosco. E a cada novo drama, um atestado de bem-querença. Amizade é solidão. É dor. É culpa. É perdão. É confiança. Amizade é comunhão. É enxergar o outro com os olhos fechados.

Misael Nóbrega de Sousa