Bolsonaro diz que TV Escola ‘deseduca’ e chama Paulo Freire de ‘energúmeno’

O presidente Jair Bolsonaro defendeu a decisão do Ministério da Educação em despejar a TV Escola das dependências da pasta e encerrar o contrato com a Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), entidade responsável pelo gerenciamento da emissora.

O chefe do Executivo federal considera que o conteúdo programático “deseduca”. “Era uma programação totalmente de esquerda”, comentou. Também sobraram críticas ao educador Paulo Freire, quem Bolsonaro chamou “energúmeno”. A decisão do ministro da Educação, Abraham Weintraub, o fortalece.

Bolsonaro desmentiu as especulações sobre possíveis mudanças no primeiro escalão da Esplanada dos Ministérios, entre elas, no comando da pasta. “Não está previsto mudar. De acordo com os jornalistas que o criticaram, eu falei, ‘Weintraub, você não sai mais daí’. Mirian Leitão criticando, Noblat criticando, é sinal que tá funcionando”, declarou.

A defesa a Weintraub e os comentários sobre a extinção da TV Escola foram feitos após Bolsonaro ser questionado sobre a rescisão contratual com a Acerp. “Conhecem a programação? Deseduca. Por que a educação do Brasil tá assim, lá embaixo? Tem pessoas comentando que vai acabar com a cultura, esse tipo de cultura vai acabar. Agora, queriam renovar o contrato, R$ 350 milhões, que seriam jogados no lixo”, sustentou.

O objetivo, pelo que sinalizou Bolsonaro, é firmar contrato com outra companhia. “Vai gastar menos com outra empresa”, afirmou. Um dos motivos defendidos pelo presidente para a rescisão contratual é a baixa audiência. “Quem assiste TV Escola? Ninguém assiste. É dinheiro jogado fora”, acusou.

Ele garantiu, contudo, o desejo de ampliar investimentos na TV Ines, canal voltado a surdos gerido pela Acerp. “Acho que são mais de 5 milhões de pessoas que têm problema auditivo e de fala, e isso dá 2,5% da população. Vamos buscar atender essas pessoas, dobrando de 1% para 2% (o orçamento)”, ponderou.

Ideologia de gênero

As programações, contudo, terão alinhamento com o atual governo. “Agora, (a TV Escola) era uma programação totalmente de esquerda, ideologia de gênero, dinheiro público para ideologia de gênero. Tem que mudar, e aí tem reflexo daqui a cinco, 10, 15 anos, vai ter reflexo disso aí”, acusou. O comentário foi sucedido de críticas a Paulo Freire. “Tem muito formado aqui em cima dessa filosofia do Paulo Freire da vida, esse energúmeno aqui que foi ídolo da esquerda”, criticou.

O presidente associou, depois, o atual modelo educacional com o resultado do Brasil no último levantamento do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). “Olha a prova do Pisa, estamos em último lugar do mundo. Se não me engano, ciência, matemática e língua portuguesa. Em um ou dois itens, somos os últimos da América do Sul. Vamos esperar o que desse Brasil?”, reclamou.

Correio Braziliense