E tudo o mais é uma grande mentira, por Misael Nóbrega de Sousa

Jornalista e escritor, Misael Nóbrega Sousa.

E TUDO O MAIS É UMA GRANDE MENTIRA


Quando a realidade assusta, deixamo- nos aflorar as personagens… – Para que resolvam as dúvidas em nosso favor. Com isso surge um agravante: em algum momento, iremos ser confrontados por essa aparência, pois os tipos são pérfídos e facilmente desconstruídos. A verdade tem um papel determinante nesse processo de oposição: ela é imutável. E, como prova da banalidade existencial, temos a formação de nosso caráter comprometida. O simulacro se sustenta por meio das histórias inventadas; e, por isso, ao invés de trair os outros, dissimuladamente, enganamos a nós mesmos. A verdade é um fardo pesado de se carregar. A mentira é leveza. Há ainda a tese de que nos utilizamos da estereotipia por defesa, não por fraqueza. E por não entender esse distúrbio, sofremos porquanto sustentamos a farsa; e até que haja o encontro com nós mesmos… – Que é quando somos obrigados a resolver ser quem somos. O interessante é que não há como evitar o choque com esse conflito de conduta e que nos leva a degeneração de valores e princípios. Ninguém consegue ser quem é por toda a vida. E tudo o mais é uma grande mentira. Uma moléstia se instala em nós (marca da ruína interior), para reforçar esse padecimento moral que é também um dilema espiritual: amar os outros como a nós mesmos.

Misael Nóbrega de Sousa