O pau de sebo, por Misael Nóbrega de Sousa

O PAU DE SEBO


Subindo no pau de sebo um sem número de meninos… – Todos atrevidos. Nem bem chegava no meio, desciam escorregadiços.

Valia cuspir na mão, esfregar-se na areia, subir de chinelos, apoiar-se no colega, tentar um zilhão de vezes… – O pau de sebo era uma sacanagem dos adultos.

Vez por outra, alguém perdia o calção. E todos caiam na gargalhada.

Não era pelo prêmio, mas pelo divertimento. Também não havia constrangimento. O sonho de consumo daquela geração eram as prateleiras das bodegas.

O tronco fincado embaixo, a ponta bem lá no alto. Notas de cinco e de dez mil cruzeiros tremulando a um metro de nós…. Mas como? Impossível! Não lembro de ninguém ter conseguido.

Porém, menino gosta mesmo é de ser menino. Não há outra precisão. Ser menino é tão bom que a gente devia ser apartado quando pequeno… – Um ficava traquino e o outro seguia o destino.

Será que aquele exercício era para nos dizer como a vida seria difícil, mesmo que a lição fosse uma brincadeira de mau gosto?

Não há lembrança mais ingênua que os motivos de criança – Todas nos levam para o céu.

Misael Nóbrega de Sousa