Os loucos, por Misael Nóbrega de Sousa

Jornalista e escritor, Misael Nóbrega Sousa.

OS LOUCOS


Os loucos não fazem questão de ser notados. Pessoas “invisíveis”? São não. Os loucos são “um bem supremo”. Aqueles que vivem às ruas, perambulando nas estradas, pedindo à porta das casas… Não são loucos, são a infância da gente. Eles vivem eternos em nossa memória. São os nossos dom Quixotes. Por vezes, são até saudade. Os loucos não sorriem, mas também não choram. Os loucos não temem a morte, menos ainda temem a vida. Os loucos já nasceram grandes, porém sempre foram crianças. Os loucos não têm país, são filhos da culpa. Os loucos não sabem viver em sociedade, mas também não são tribais. Os loucos não têm utopias, não são possessivos, não têm cartões de crédito… O que lhes serve é o que lhes basta. Os loucos não trabalham, não batalham, não cobiçam, não pilheriam. Os loucos são incompreendidos por serem eles mesmos. Não há loucos em shoppings, não há loucos sentados em cadeiras de dentistas, não há loucos em restaurantes ou salas de cinemas, não há loucos na política… Na política, não há inocentes. Não os vemos nos parques de diversões, dentro das igrejas, nos hotéis ou motéis. Loucos não precisam de sexo, minha gente, eles se masturbam como se fizessem um poema. Os loucos não têm taquicardias, depressão, diabetes, aids… Os loucos não têm planos de saúde para cobrir todas essas enfermidades. Os loucos, simplesmente, não adoecem. Eles não morrem. Os loucos desaparecem sem se despedir da gente.

O mundo é um grande hospício onde quem não for louco será abandonado à sorte de suas decisões… – Quer sejam racionais ou intuitivas.

Misael Nóbrega de Sousa