Ouça: Zé Afonso Gayoso declama poema de Ronaldo Cunha Lima que foi criado em Santa Terezinha para homenagear a mãe do poeta

Montagem: Ronaldo e Zé Afonso

O programa A Sanfona e a Viola, transmitido na Rádio Conexão FM (104,9) de Santa Terezinha (PB), recebeu na noite dessa quinta-feira (16), o ex-prefeito e médico José Afonso Gayoso Filho que falou sobre o seu amor à poesia e a sua relação com esta cultura. Ele também recitou um poema feito em Santa Terezinha pelo saudoso poeta Ronaldo Cunha Lima que homenageava a mãe do artista que tinha falecido há poucos dias.

“Muito obrigado Lola por esse convite, eu não podia deixar de participar, como amante da poesia, o nosso amigo Lola é poeta e eu não sou poeta, eu amo a poesia pelo simples fato: o grande poeta Oliveira de Panelas comparou o poeta com o passarinho e foi a ‘coisa mais bem feita’ que eu já vi em que ele diz”:

O poeta e o passarinho,

São ricos de inteligência,

Simples como a natureza,

Eterno como a ciência,

Espelho da liberdade,

E peregrino da inocência,

Estrela da providencia,

Um no chão outro voando,

Um pena com tanta pena,

Outro sem pena penando,

Um canta cheio de pena,

E Outro sem pena cantando.

 

Zé Afonso disse que o primeiro cantador que ouviu foi Dimas Batista. Falou também que admira as obras de Otacílio e Lourival.

“Eu tive a oportunidade quando era menino no Clube de Caçadores de Patos, que era perto da Rua do Prado e eu ia com o seu Durval da Farmácia e sempre gostei de cantoria. Papai adorava cantoria adorava poesia de Inácio da Catingueira aos maiores cantadores. Otacílio Batista foi várias vezes lá em casa, eu quando fui presidente da Festa Universitária de Patos, convidava Otacílio para se apresentar. Fui médico em São José do Egito (PE) e à tardinha ia a praça conversar com Lourival Batista. Estes três irmãos são gênios em termos de poesia nordestina”, destacou.

“A primeira poesia que eu memorizei foi quando o governador Zé Américo foi inaugurar o Açude do Jatobá em Patos. Eu era menino e fui com vovô. Deram um mote a Dimas Batista: José Américo de Almeida, o salvador do Sertão. Ele disse assim:”

De trinta anos em constante,

Não há quem falta não sinta,

Trinta e um foi como trinta,

E trinta e dois mais em constante,

Enquanto o sol causticante botava a tocha no chão,

Apareceu um cristão, apagando a labareda,

José Américo de Almeida,

O salvador do Sertão.

 

O apresentador Jomaci Dantas relatou que ele e Zé Afonso receberam o convite para participar do lançamento do livro Poemas de Sala e Quarto de Ronaldo Cunha Lima, no Centro de Convenções Raimundo Asfora, em Campina Grande com a presença de várias autoridades. O mestre de cerimônia convidou Ronaldo para saudar o público, o poeta deu boa noite e disse que o orador da noite seria José Afonso Gayoso Filho com Sertão, Carne e Alma.

O apresentador Jomaci Dantas lançou o livro A Maneira de Zé Limeira e comentou que Zé Afonso conhece um pouco da sua história. Zé Afonso disse que a hipótese dele não ter existido é para quem não conhece a história. Zé Afonso disse que perguntou ao saudoso poeta Odilon Nunes de Sá e ele afirmou que cantou mais de 20 vezes com Limeira.

Zé Afonso disse que Ronaldo Cunha Lima era amigo do seu irmão Babá Gayoso e vinha sempre a Santa Terezinha. Relatou que fazia dez dias que a mãe do poeta tinha morrido e quando ela estava viva, ele falava todo dia com a sua matriarca sempre à tardinha. Em uma de suas visitas a cidade, Ronaldo perguntou onde tinha um telefone para fazer uma ligação telefônica, ao chegar no posto telefônico, orientou-se que que ela estava morta, daí pediu um papel e fez um poema para a sua mãe. Ronaldo emocionado chorou muito. Babá pegou o papel e mandou Zé Afonso decorar o poema. Zé Afonso ainda relata quando Ronaldo foi senador pediu a ele o verso para declamar no Congresso Nacional, ouça:

O programa A Sanfona e a Viola é apresentado nas terças, quartas e quintas, às 18h20.

Josley Oliveira