O cantor e compositor Julian Santt apresentou no último domingo (02) a arte paraibana além das fronteiras do país com o espetáculo Show-Manifesto na Fábrica Braço de Prata, em Lisboa (Portugal). Ele se tornou o primeiro artista transmasculino do Brasil a se apresentar internacionalmente, levando ao público europeu a poesia, a musicalidade e o compromisso social que atravessam sua obra.
A apresentação foi realizada com recursos da Política Nacional Aldir Blanc, por meio do Edital Arte na Bagagem, que apoia a circulação artística brasileira. Julian transformou o palco em um espaço de afeto e denúncia, trazendo canções que falam sobre identidade, pertencimento e sobrevivência de corpos dissidentes no Nordeste.
“Eu não poderia estar mais feliz e grato. Fiquei surpreso ao encontrar, aqui em Lisboa, pessoas que já acompanham o meu trabalho, desde brasileiros até europeus que cantaram minhas músicas comigo e se emocionaram por estarem ali. Foi muito especial poder me apresentar para um público novo, que se abriu para o que eu tinha a dizer”, contou o artista após o show.
O Show-Manifesto teve o objetivo de propor um diálogo entre memória, ancestralidade e decolonialidade, atravessando o oceano com a força de um corpo e de uma voz que afirmam que existir é resistir.
“Brasil e Portugal são tecidos por memórias, ancestralidades e cicatrizes coloniais, mas também pela potência de novos começos. Levo comigo a força das ruas, dos becos e das vozes que ecoam do Nordeste, vozes que, mesmo silenciadas por séculos, seguem cantando”, afirmou.
Durante a apresentação, o artista percorreu sua trajetória por meio de canções autorais que abordam as dores, potências e afetos de um corpo trans e nordestino. O repertório reuniu faixas dos EPs Transrevolução e Xote System, além da inédita Criminosa, que antecipa seu primeiro álbum de estúdio, previsto para 2026.
O espetáculo transitou entre o regional e o contemporâneo, misturando sonoridades nordestinas à música popular brasileira e à cena independente. O público vivenciou uma experiência sensorial e política, marcada pela autenticidade e pela força de uma arte que reivindica existência e pertencimento.
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