O machismo assolou o Congresso Nacional. Explica-se: dois projetos querem acabar com a cota para candidatas mulheres. Atualmente os partidos são obrigados por lei a destinar ao menos 30% das vagas e recursos a candidatas. Após o escândalo das postulações “laranjas” do PSL, o cerco contra o sexo feminino foi montado. Mas vozes em defesa da manutenção dos direitos ecoam em todos os quadrantes do país. Na Paraíba, a senadora Daniella Ribeiro (PP) encabeça o movimento, cujas colegas parlamentares da Assembleia Legislativa e câmaras municipais engrossam o coro em tom uníssono.
Daniella Ribeiro, em consideração contundente, classificou a manobra política como uma “idéia infeliz”, deixando claro que não se pode justificar a retirada de um direito das mulheres em decorrência de delitos praticados “por pessoas que não têm respeito ao dinheiro público”. A progressista foi mais adiante, convocando parlamentares de todo o país a levantarem a bandeira de luta contra aquilo que ela disse ser uma “abominação”.
“Eu me posicionarei nos próximos dias. Sou contra. Isso é um absurdo. As mulheres, tenho toda a certeza, tanto da Câmara Federal, como do Senado, irão se posicionar, e é importante que a sociedade acompanhe. Lamentável que aja um pensamento tão retrógrado como esse, depois de uma conquista tão importante como essa, por parte das mulheres. Hoje, muitas mulheres estão na vida pública exatamente por essa conquista”, frisou a senadora.
No mesmo diapasão de Daniella, a deputada estadual Cida Ramos (PSB) considerou grave os projetos, informando que buscará dialogar com a bancada federal paraibana, a fim de “estancar” o projeto já no seu nascedouro. “ Vamos formar uma frente, pois isso não é questão partidária, é questão de relações sociais. O que queremos para o nosso país? O Brasil perde para a América Latina. O Brasil perde para a Arábia Saudita em termos de representação feminina do Parlamento. Então é algo que a gente precisa pensar com toda a sociedade”, observou.
Já a deputada estadual Camila Toscano (PSDB) classificou como um retrocesso os projetos, expondo que “a lei determina que se tenha 30% de vagas para as mulheres como candidatas, e como você não quer dar o apoio financeiro?”. A tucana disse que esteve em Brasília, no congresso do seu partido destinado às mulheres, e questionou a problemática, expondo que, na ótica das suas colegas de sigla, dificilmente a manobre terá êxito. Ainda figurando a bancada paraibana na Assembleia, e com as mesmas visões sobre a temática estão Dra. Paula , Pollyanna Dutra e Estela Bezerra.
O deputado Major Olímpio (PSL-SP) é o autor do projeto que acaba com o fundo eleitoral. Ele é justamente do partido que é acusado de usar candidaturas laranjas. Já o senador Ângelo Coronel (PSD-BA) é o responsável pelo projeto que acaba com a cota de mulheres.
Eliabe Castor com informações de Márcia Dias
PB Agora