Presidente do TJPB, desembargador João Benedito revela que ainda sofre racismo por ser negro: “tive e ainda tenho problema”

Imagem: TJPB

O desembargador e presidente do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), João Benedito, revelou nesta quinta-feira (14) que mesmo sendo gestor de um poder como o Judiciário paraibano ainda sofre com o racismo por ser negro. A informação foi dada pelo magistrado durante entrevista ao programa Arapuan Verdade, da Arapuan FM.

Como acompanhado pelo ClickPB, o desembargador falou que desde a infância lida com o problema, mas que vem percebendo uma amenização do racismo por conta das leis mais duras para punir criminosos.

“Luto contra isso, sem nenhuma mágoa. Faço minha parte. Foi muita luta para chegar até aqui. Tive e ainda tenho problema, mas agora com menor. Com a vigência de leis mais duras diminuiu. Há dez anos atrás negros só apareciam na TV como vigilantes, soldados de polícia, na cozinha, mordomo. No interior de onde vim (Aliança, Pernambuco), tem ainda essa inibição por parte das pessoas negras de dizer que não vão chegar onde cheguei. Muitos pensam assim ainda”, falou o desembargador, como notado pelo ClickPB.

O desembargador também criticou a falta de ações públicas para mudar o cenário da população negra e mais carente, que ainda sofre com a falta de oportunidades iguais das pessoas brancas ou com maior poder aquisitivo.

“Parte disso (falta de oportunidades) é a miséria, a falta de educação, de compromisso de políticas públicas. 60% da população carcerária é de negros, porque eles não têm formação educacional, as vezes vão para as drogas. É uma questão social, de condições, de oportunidades. Está faltando educação do mesmo nível do cidadão que paga uma boa escola. Vá em uma escola de elite e veja quantos negros têm lá”, comentou João Benedito.

Ainda sobre racismo, o presidente do TJPB reconheceu que a população negra paraibana pode ter ele como um exemplo de representatividade e que um dos maiores sonhos que tem na vida é de uma sociedade igualitária e sem preconceito de raça.

“Penso que represento e tenho essa impressão de que muitas pessoas negras nesse país ou nesse estado podem a partir da minha ascensão ter condições de também ascender, independentemente da cor. Quando as pessoas verificam que você quer e está fazendo alguma coisa para alcançar (os objetivos) elas ajudam e tive muitas pessoas que me ajudaram. Sonho em um mundo melhor em que negros e brancos tenham a mesma oportunidade”, finalizou o desembargador, como observado pelo ClickPB.

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