Revisitando a inveja, por Misael Nóbrega de Sousa

Jornalista e escritor, Misael Nóbrega Sousa.

REVISITANDO A INVEJA

Aborrecer-se com a felicidade alheia é bem ordinário, mas é a partir daí que analisamos o o grau do complexo de inferioridade. A inveja vem da incapacidade de nos aceitar ser quem somos. E essa frustração pode ser transformadora, pois além de nos fazer entender com a própria felicidade, esquecemos a desconstrução do outro. A busca pela conquista é um dilema histórico-social da sobrevivência humana. No início da civilização, por exemplo, era só tomar do mais fraco. Hoje em dia, a ideia é que o outro não progrida mais que do você. Então, ainda não viramos essa página de natureza selvagem. As leis foram criadas para nos proteger (não para nos punir) e para que se faça justiça. Ao cometermos um dolo, o direito não nos absolve. E, se é difícil aprender com o erro, mais ainda é conviver com a culpa. Não há ressocialização na consciência do homem. O caminho é o coração. Perceba: a inveja não é defesa para quem ganha, nem é defesa para quem perde. Mas, uma reação que existe do conflito de querer sempre mais. A inveja é um desvio de caráter, não uma patologia. De certo, ela é uma deformação moral… – Como se não bastassem as sandices prosaicas. Mas, é assim que nos equilibramos. A inveja não é uma angústia reprimida por não se ter o bastante; é mais um conflito da razão, nesse mundo sem amor.

Misael Nóbrega de Sousa